Muitas crianças que começam cedo no
esporte possuem grandes sonhos e vontade de vencer. Mas durante a jornada é preciso muito mais do
que desejo, pois o caminho é cheio de desafios árduos. No mundo das lutas, os
irmãos Guilherme (12) e Gabriel (9) Oliveira,
varginhenses do bairro Barcelona, já entendem o que isso significa, e
apoiados um ao outro, vêm conquistando cada vez mais espaço no esporte.
A
rotina de treinamento dos irmãos é a mesma: segunda, quarta e sexta - Judô pela
manhã na SEMEL; 18h Muay Thai no CT Mamuth Fight e 19h Jiu-jitsu no Instituto Lutar/
Qatar BJJ. “À noite chegamos mais cansados no treino do que nossos colegas e
não gostamos da parte de acordar cedo”, mas, segundo Guilherme, o esforço vale
a pena:
-
Minhas alegrias são minha família e lutar, tanto que estar de quarentena está
sendo frustrante. Nossa sorte é que meu pai levou um pouco de tatame para a
casa da minha avó e a gente treina tudo que nós lembramos juntos!.
Já o mais novo diz: “A dor é
passageira, a glória dura mais.”
Guilherme
foi o primeiro a se encantar com as lutas. Já praticou Judô, Jiu-jitsu, Muay
thai e Kickboxing, começando a partir de um projeto social no seu bairro, aos
sete anos. Desde o começo, seu pai, Jair de Oliveira, o incentivava muito,
porque já foi lutador.
A
primeira competição do pequeno foi em Caxambu, na 1ª Etapa do Circuito
Sul-mineiro de Judô, em 2017, onde já conquistou o ouro. Na modalidade de Muay
thai, iniciou no Campeonato de Muay Thai
Tradicional de Elói Mendes, mas relembra que, na ocasião, não se sentia tão
confiante e o resultado foi um empate. “E na minha primeira competição de
jiu-jitsu, eu perdi. Confundi com as regras do judô (rsrs)”, conta Gui sobre o
Terceiro Open Três Pontas de Jiu-jitsu.
Entre
suas maiores conquistas pessoais está sua participação nos torneios oficiais de
Judô, que acontecem no Minas Tênis Clube, em BH. “Foi emocionante, porque fui
campeão do Torneio Início em 2018 e o Mineiro em 2019, e quase todos os
melhores do estado lutam neste campeonato!” contou. Além disso, em 2019
Guilherme foi campeão no JEMG, Campeão Brasileiro de Muay Thai e vice-campeão Latino-americano
de Jiu-jitsu. “Quero agradecer todos os meus professores atuais e anteriores,
meu pai e todos que gostam de mim!”
Tem
grandes perspectivas para o futuro: ser faixa preta em todas as suas
modalidades e ser um grande lutador brasileiro. E dá dicas que você tem para
aqueles que são menos experientes que ele nos esportes, “todo mundo começa sem experiência
e vai melhorando. Só não fica bom quem desiste!”
O
“pequeno” de doze anos compartilha que sua modalidade favorita é Judô, porque é
a com mais competidores na sua categoria e o leva mais a viagens, que ele
adora. Outra de suas paixões é assistir o seu ídolo lutador, José Aldo, que o
inspira por causa do filme.
Segundo
Gui, sua interação com seu irmão, Gabriel, é das melhores: “A gente disputa
quem é o melhor, mas o meu pai diz que um é o responsável pelo crescimento do
outro. Melhor parceiro de treino! Não quero que ele fique melhor que eu, aí
treino forte, mas admiro ele, é muito sangue frio nas competições, eu ainda
fico ansioso.”
Já
Gabriel, ou Peteleco, começou pois gostava de assistir seu irmão mais velho. O
Jiu-jitsu veio aos cinco anos, Judô e muay Thai aos sete. Pratica ou já
praticou as mesmas modalidades, mas acrescenta que também sonha em ser jogador
de futebol. “Sou bom de bola”, brinca o garoto, que costuma jogar na quadra da Vila
Barcelona e na APROSEP.
Sua primeira competição na luta foi a mesma
que de seu irmão também, em Caxambu, onde Gabriel ganhou todas as quatro lutas.
“Fiquei feliz porque ganhei muitos elogios e um açaí do meu pai.”
“A
primeira medalha importante foi prata, no Campeonato Brasileiro de Jiu-jitsu,
onde quase fui campeão. Meu pai ficou doido…” conta o pequeno.
O
caçula diz que também se decepcionou muito com as consequências que o
Coronavírus teve em sua rotina. O Campeonato Brasileiro de Jiu-Jitsu, sua
modalidade preferida, foi cancelado. Ele estava treinando muito e acredita que
seria campeão dessa vez.
Em
relação à família, Gabriel fala que seu pai o incentivou muito. Conta que ele
não teve oportunidade enquanto era mais novo, começou já estava adulto e isso o
atrapalhou. Já sobre a relação com seu irmão, expõe que costumam brigar um
pouco, “mas é normal, eu acho. Me inspiro bastante no Gui, quando eu começar
nas competições oficiais de judô, quero ganhar muitos títulos e viajar igual a
ele”.
É
o seu maior parceiro nos treinos. “A técnica dele é muito boa, o tamanho e peso
muito parecido também, e ele não tem medo de mim, luta duro”, afirmou. Além
disso, o pequeno de nove anos, conta que seu ídolo lutador é Vitor Belfort. “Eu
gosto de lutar da forma que ele luta, explosão!”.
Os
meninos agradecem aos colegas de treino, todos os professores que já tiveram, o
pai e as empresas que os patrocinam. “Quero continuar treinando para ser faixa
preta em todas as lutas, e também vou tentar ser jogador de futebol”, disse Gabriel.
Graças
à uma grande dedicação e paixão, os meninos somam hoje um total de quase
oitenta medalhas. Seus treinadores e respectivas modalidades são:
- Jair de Oliveira (pai) - Kickboxing
- Rodrigo Mamuth - Muay Thai
- Rodrigo Carvalho - Jiu-jitsu
- Lucas Corrêa e Rodrigo Marcondes -
Judô
Patrocinadores
dos irmãos:
- Organização de Luto Pax
- Central Rodas
- Academia Pump Gym
- Vereador Marquinho da Cooperativa
Texto: Maria Júlia Veloso
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