sexta-feira, 3 de abril de 2020

Pequenos Irmãos, Grandes Lutadores

               Muitas crianças que começam cedo no esporte possuem grandes sonhos e vontade de vencer.  Mas durante a jornada é preciso muito mais do que desejo, pois o caminho é cheio de desafios árduos. No mundo das lutas, os irmãos Guilherme (12) e Gabriel (9) Oliveira,  varginhenses do bairro Barcelona, já entendem o que isso significa, e apoiados um ao outro, vêm conquistando cada vez mais espaço no esporte.
            A rotina de treinamento dos irmãos é a mesma: segunda, quarta e sexta - Judô pela manhã na SEMEL; 18h Muay Thai no CT Mamuth Fight e 19h Jiu-jitsu no Instituto Lutar/ Qatar BJJ. “À noite chegamos mais cansados no treino do que nossos colegas e não gostamos da parte de acordar cedo”, mas, segundo Guilherme, o esforço vale a pena:
            - Minhas alegrias são minha família e lutar, tanto que estar de quarentena está sendo frustrante. Nossa sorte é que meu pai levou um pouco de tatame para a casa da minha avó e a gente treina tudo que nós lembramos juntos!.
Já o mais novo diz: “A dor é passageira, a glória dura mais.” 
            Guilherme foi o primeiro a se encantar com as lutas. Já praticou Judô, Jiu-jitsu, Muay thai e Kickboxing, começando a partir de um projeto social no seu bairro, aos sete anos. Desde o começo, seu pai, Jair de Oliveira, o incentivava muito, porque já foi lutador.
            A primeira competição do pequeno foi em Caxambu, na 1ª Etapa do Circuito Sul-mineiro de Judô, em 2017, onde já conquistou o ouro. Na modalidade de Muay thai,  iniciou no Campeonato de Muay Thai Tradicional de Elói Mendes, mas relembra que, na ocasião, não se sentia tão confiante e o resultado foi um empate. “E na minha primeira competição de jiu-jitsu, eu perdi. Confundi com as regras do judô (rsrs)”, conta Gui sobre o Terceiro Open Três Pontas de Jiu-jitsu. 
            Entre suas maiores conquistas pessoais está sua participação nos torneios oficiais de Judô, que acontecem no Minas Tênis Clube, em BH. “Foi emocionante, porque fui campeão do Torneio Início em 2018 e o Mineiro em 2019, e quase todos os melhores do estado lutam neste campeonato!” contou. Além disso, em 2019 Guilherme foi campeão no JEMG, Campeão Brasileiro de Muay Thai e vice-campeão Latino-americano de Jiu-jitsu. “Quero agradecer todos os meus professores atuais e anteriores, meu pai e todos que gostam de mim!”
            Tem grandes perspectivas para o futuro: ser faixa preta em todas as suas modalidades e ser um grande lutador brasileiro. E dá dicas que você tem para aqueles que são menos experientes que ele nos esportes, “todo mundo começa sem experiência e vai melhorando. Só não fica bom quem desiste!” 
            O “pequeno” de doze anos compartilha que sua modalidade favorita é Judô, porque é a com mais competidores na sua categoria e o leva mais a viagens, que ele adora. Outra de suas paixões é assistir o seu ídolo lutador, José Aldo, que o inspira por causa do filme.
            Segundo Gui, sua interação com seu irmão, Gabriel, é das melhores: “A gente disputa quem é o melhor, mas o meu pai diz que um é o responsável pelo crescimento do outro. Melhor parceiro de treino! Não quero que ele fique melhor que eu, aí treino forte, mas admiro ele, é muito sangue frio nas competições, eu ainda fico ansioso.”
            Já Gabriel, ou Peteleco, começou pois gostava de assistir seu irmão mais velho. O Jiu-jitsu veio aos cinco anos, Judô e muay Thai aos sete. Pratica ou já praticou as mesmas modalidades, mas acrescenta que também sonha em ser jogador de futebol. “Sou bom de bola”, brinca o garoto, que costuma jogar na quadra da Vila Barcelona e na APROSEP. 
             Sua primeira competição na luta foi a mesma que de seu irmão também, em Caxambu, onde Gabriel ganhou todas as quatro lutas. “Fiquei feliz porque ganhei muitos elogios e um açaí do meu pai.”
            “A primeira medalha importante foi prata, no Campeonato Brasileiro de Jiu-jitsu, onde quase fui campeão. Meu pai ficou doido…” conta o pequeno.
            O caçula diz que também se decepcionou muito com as consequências que o Coronavírus teve em sua rotina. O Campeonato Brasileiro de Jiu-Jitsu, sua modalidade preferida, foi cancelado. Ele estava treinando muito e acredita que seria campeão dessa vez.  
            Em relação à família, Gabriel fala que seu pai o incentivou muito. Conta que ele não teve oportunidade enquanto era mais novo, começou já estava adulto e isso o atrapalhou. Já sobre a relação com seu irmão, expõe que costumam brigar um pouco, “mas é normal, eu acho. Me inspiro bastante no Gui, quando eu começar nas competições oficiais de judô, quero ganhar muitos títulos e viajar igual a ele”.
            É o seu maior parceiro nos treinos. “A técnica dele é muito boa, o tamanho e peso muito parecido também, e ele não tem medo de mim, luta duro”, afirmou. Além disso, o pequeno de nove anos, conta que seu ídolo lutador é Vitor Belfort. “Eu gosto de lutar da forma que ele luta, explosão!”. 
            Os meninos agradecem aos colegas de treino, todos os professores que já tiveram, o pai e as empresas que os patrocinam. “Quero continuar treinando para ser faixa preta em todas as lutas, e também vou tentar ser jogador de futebol”, disse Gabriel.
            Graças à uma grande dedicação e paixão, os meninos somam hoje um total de quase oitenta medalhas. Seus treinadores e respectivas modalidades são:
- Jair de Oliveira (pai) - Kickboxing 
- Rodrigo Mamuth - Muay Thai
- Rodrigo Carvalho - Jiu-jitsu
- Lucas Corrêa e Rodrigo Marcondes - Judô
            Patrocinadores dos irmãos:
- Organização de Luto Pax
- Central Rodas
- Academia Pump Gym
- Vereador Marquinho da Cooperativa

Texto: Maria Júlia Veloso

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