sábado, 18 de abril de 2020

Matheus Mozart conta sua história

             Matheus Augusto Oliveira, também conhecido como Mozart, de trinta anos, é um dos maiores nomes do futebol amador da região. Nascido e criado na cidade de Três Corações (MG), o atleta enfrentou um dilema infelizmente muito comum para os jovens do país – dedicar-se ao esporte ou à família - mas hoje sua aptidão com a bola se destaca em campeonatos de diversas cidades.

            Começou aos nove anos, por incentivo de seu irmão Joaquim (ou Quinho) entrou para o time de seu bairro de infância, o Colônia Santa Fé, que realizava os treinos na Escolinha do Atlético Clube Três Corações.

Sua estreia em campeonatos foi por volta do ano 2000, um infantil na cidade natal. Foi onde ganhou sua primeira medalha de prata. “Acabei considerando muito mais que válido no final das contas, pois foi a partir desse dia que consegui muitos colegas, cujas amizades duram até hoje, jogando junto sempre e relembrando essa e outras datas em nossas resenhas”, lembra o jogador.

Após os dez anos, mudou para o bairro Jardim Paraíso e sua casa passou a ficar ao lado de uma quadra de futebol de areia, famosa quadra do Baianinho. “Ali também joguei muitos anos, intercalando com o campo. Foi onde também ganhei muitos títulos, entre meus 11 aos 23 anos”, conta Matheus.

Mas continuou jogando no ACTC até os 12 anos, quando foi para uma outra escolinha tradicional da época, a Canto do Rio, por cerca de três anos. Posterior a isso, foi trabalhar em uma peixaria, e com 16 anos passou a jogar na cidade de São Tomé. No ano seguinte voltou a trabalhar, dessa vez em um açougue, depois em duas lojas de materiais de construção e hoje trabalha em um banco.

            Matheus se abre e diz que uma de suas maiores frustrações do esporte foi não poder ter alcançado o futebol profissional, por falta de estrutura familiar principalmente. “Em muitas circunstâncias, quando estamos nessa sede de virar jogador, você vai tentando e tentando, até que para e enxerga que talvez não terá oportunidade. Então, olha para o retrato de sua família e passa a buscar outras formas de contribuir. Você se desvincula de um sonho para trabalhar naquilo que é prioridade. Pensando: como não está dando certo, vou tentar por outro caminho. Hoje penso, quem sabe se fosse um pouco mais maduro na época tivesse persistido mais, buscando os contatos certos para que acontecesse”.

O atleta explica que em sua visão, para ter sucesso na profissão é preciso, junto com o fator sorte, estar dentro do meio, criar contatos e oportunidades para você mesmo. Outra coisa essencial é um empresário, que seria um apoio sólido o suficiente. Pôde observar isso em sua época em alguns colegas, além de muita persistência e perseverança, o que resultou em alguns sucessos.

Conta que ainda pratica frequentemente. “Treino duas vezes por semana no campo Society em minha cidade e na rua”. Hoje, o desportista disputa campeonato pelo Vilas Boas de Três corações; pelo União São José, de Varginha; joga todos os sábados com companheiros e pretende, caso aconteça ainda esse ano, jogar na Copa Alterosa, por um time tradicional na região, o Vila Nova de Campos Gerais.

            Afirma que sua paixão pelo futebol é sempre renovada, justificando que é algo que ultrapassa as quatro linhas. “Prova disso é o que vemos neste momento da pandemia, atitudes nobres vindas de jogadores como a CR7, Messi e outros. Além disso, quantas comunidades tem o seu momento de lazer vinculado ao time do seu bairro. Acontecem muitas coisas que talvez não seja divulgado nas mídias, como pessoas se unindo para ajudar quem está precisando, dentro das suas limitações - isso me enche os olhos. E dentro de campo é algo surreal, uma mistura de paixão, raiva, nervosismo, alegria e companheirismo, que se resume em prazer, onde nada se compara”. 

Além de se inspirar em atletas como Cristiano e Alan Mineiro, por suas histórias e caráter, o tricordiano tem muita admiração e carinho pela sua base familiar.  “Agradeço a Deus, mãe (minha maior alegria), namorada e amigos - que são como irmãos para mim - pelas orientações, incentivos e puxões de orelha”. Ademais, destaca o apoio de colegas que o acompanharam e instrutores, como o primeiro treinador no ACTC, Sr. Guilherme (falecido); Rogério (Jairo) e Rafa primeiros treinadores na quadra de areia e Aldo, treinador do São José em Varginha.

Daqui para frente, Mateus pretende dedicar-se à família, desenvolver-se profissionalmente e ajudar quem precisa. “No início, o esporte significava uma oportunidade de vida melhor para minha família e para mim, mas hoje, significa algo essencial em minha rotina de atividades, que quero deixar para meu futuro filho”.

            O menino Mozart dá dica para os iniciantes, principalmente aqueles com quem joga nos finais de semana: “Tenham persistência e foco. Sei que a maioria dos atletas amadores não ganham dinheiro com isso, então acredito que é muito importante gostar de verdade do esporte, senão não vale a pena. É preciso se doar, para que consiga transmitir algo bom para a sua equipe e, eventualmente, isso será convertido em vitórias.”

Texto: Maria Júlia Veloso

Um comentário:

  1. Grande, mateus cara do bem alem de jogar muito, cabia no coringão facil abraços.

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