sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Bolsonaro muda os rumos nas relações com atletas


* José Cruz

            Pelas redes sociais, Bolsonaro cumprimentou a delegação brasileira que se classificou em segundo lugar nos Jogos Pan-Americanos de Lima, encerrados no domingo. Em governos passados, os atletas vinham a Brasília agradecer a verba pública para eles liberada.
            Agora, Bolsonaro interrompe o puxa-saquismo cínico que sempre existiu nas relações político-esportivas. Até porque, o resultado dessa geração de atletas foi construído com recursos de governos passados.
            Eram tempos em que o dinheiro saía pelo ladrão, literalmente. E os mesmos atletas que sorriam aos poderoso$ silenciavam aos robustos casos de corrupção em suas confederações. Deu no que se vê hoje. Apesar das medalhas no Pan, a crise institucional é real, e a comunidade esportiva treme com medo do futuro.
            Volto à mensagem do capitão presidente aos atletas. Ele destacou que 54,3% das 171 medalhas conquistadas em Lima (55 de ouro, 45 de prata e 71 de bronze) vieram da atuação de atletas das Forças Armadas. É fato, mas se trata de uma afirmação polêmica, pois não são atletas formados nas fileiras militares. Ao contrário, selecionaram para as suas tropas alguns dos melhores atletas civis, deram-lhes uma determinada patente, um salário e, claro, fortalecem as equipes das Forças Armadas, principalmente para os Jogos Mundiais Militares, a cada quatro anos. 
            Essa tese é ampla e não cabe num só artigo. Está no contexto de uma discussão maior. Mas, no geral, revela que os governos priorizam o alto rendimento e o número de medalhas, sem se levar em conta o nível da competição. Como se isso representasse uma expressiva evolução esportiva no contexto dos grandes eventos.
            É preciso reconhecer que o Ministério da Defesa desenvolve um excelente projeto sócio educacional que inclui o esporte nas atividades de crianças e adolescentes. Mas estamos muito longe de uma política efetiva para o setor, sem interrupções e mudanças de rumo a cada troca de governo.

José Cruz, jornalista e comentarista esportivo.
Colaborador do Jornal PODIUM desde 2011.
Artigo publicado originalmente na
coluna Campo Livre - UOL.


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