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José Cruz
Pelas
redes sociais, Bolsonaro cumprimentou a delegação brasileira que se classificou
em segundo lugar nos Jogos Pan-Americanos de Lima, encerrados no domingo. Em
governos passados, os atletas vinham a Brasília agradecer a verba pública para
eles liberada.
Agora,
Bolsonaro interrompe o puxa-saquismo cínico que sempre existiu nas relações
político-esportivas. Até porque, o resultado dessa geração de atletas foi
construído com recursos de governos passados.
Eram
tempos em que o dinheiro saía pelo ladrão, literalmente. E os mesmos atletas
que sorriam aos poderoso$ silenciavam aos robustos casos de corrupção em suas
confederações. Deu no que se vê hoje. Apesar das medalhas no Pan, a crise
institucional é real, e a comunidade esportiva treme com medo do futuro.
Volto
à mensagem do capitão presidente aos atletas. Ele destacou que 54,3% das 171
medalhas conquistadas em Lima (55 de ouro, 45 de prata e 71 de bronze) vieram da
atuação de atletas das Forças Armadas. É fato, mas se trata de uma afirmação
polêmica, pois não são atletas formados nas fileiras militares. Ao contrário,
selecionaram para as suas tropas alguns dos melhores atletas civis, deram-lhes
uma determinada patente, um salário e, claro, fortalecem as equipes das Forças
Armadas, principalmente para os Jogos Mundiais Militares, a cada quatro anos.
Essa
tese é ampla e não cabe num só artigo. Está no contexto de uma discussão maior.
Mas, no geral, revela que os governos priorizam o alto rendimento e o número de
medalhas, sem se levar em conta o nível da competição. Como se isso
representasse uma expressiva evolução esportiva no contexto dos grandes
eventos.
É
preciso reconhecer que o Ministério da Defesa desenvolve um excelente projeto sócio
educacional que inclui o esporte nas atividades de crianças e adolescentes. Mas
estamos muito longe de uma política efetiva para o setor, sem interrupções e
mudanças de rumo a cada troca de governo.
José Cruz, jornalista e comentarista
esportivo.
Colaborador
do Jornal PODIUM desde 2011.
Artigo
publicado originalmente na
coluna
Campo Livre - UOL.
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