quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

“Legado” Olímpico está chegando mais rápido do que pensávamos

* Por Alberto Murray Neto
            Escreveu o amigo e jornalista Afonso Augusto, de Brasília, que pensou que o “Negado” Olímpico apareceria somente por volta de um ano após os Jogos Rio 2016. Ele nota, entretanto, que menos de seis meses após o encerramento da Aventura Olímpica Brasileira, a conta está chegando. E ela é cara.

            
Publicidade
Logo após o fim dos Jogos Olímpicos, o esporte brasileiro entrou em crise profunda, moral, financeira e técnica. São confederações envolvidas em denúncias de escândalos, cortes de patrocínios, delegações nacionais diminutas em competições importantes, técnicos que vão embora, atletas com futuro incerto e sem receber, Maracanã jogado às moscas, Parque Olímpico que ninguém quer e assim por diante. Isso tudo é justamente o contrário daquilo que apregoavam os organizadores e políticos para justificar os bilhões de dinheiro dos contribuintes usados para essa algazarra.
            Os Jogos, enquanto competição e nada mais, durante duas semanas, foram bons. É certo que o COI, quando viu que o risco de o evento fazer água era grande, interveio e botou um cabresto no Comitê Organizador e nos políticos cariocas. E, no tapa, a coisa saiu bem melhor do que se esperava. Mas vale a pena a animada festa de abertura?  Eu acho que não. Não houve absolutamente nada de bom que tenha ficado para o esporte do Brasil, nem para o alto rendimento, nem para a constituição de uma política de Estado para o esporte brasileiro. Como disse o Secretário de Esporte de Alto Rendimento, Luiz Lima, “é como aquele pai que gasta os tubos para dar uma festa de quinze anos para a filha e no dia seguinte não tem dinheiro para comprar o almoço”. A insegurança e incertezas que enfrentam os atletas Olímpicos é enorme. E isso não é justo com eles. Para os políticos e organizadores, o que importou foi o evento em si. E não o que de bom ele poderia ter proporcionado. Como também asseverou Afonso Augusto, “custou muito caro ver o show do Bolt”.
Publicidade
            Em tempo, reproduzo aqui a sugestão de mais um amigo do Blog, que diz que com tantos escândalos no esporte brasileiro, está na hora de os Ministérios Públicos Federal e Estaduais, criarem um grupo especializado e dedicado somente em investigação de crimes financeiros nesse segmento.

Alberto Murray Neto é paulistano, advogado militante, formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Largo de São Francisco e Pós Graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de Toronto, Ontario, no Canadá. Sua vida esportiva, olímpica, começou muito cedo. Influenciado por meu avô materno, Sylvio de Magalhães Padilha. 
Formou-se em Estudos Olímpicos pela Academia Olímpica Internacional, em Olympia, Grécia, em 1994. 
Esteve presente em todas as edições de Jogos Olímpicos desde 1972.
Árbitro da Corte Arbitral do Sport, instância máxima da jurisdição desportiva mundial, localizada em Lausanne, na Suíça, de 2007 a 2011. Membro do Comitê Olímpico Brasileiro de 1996 até 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário