terça-feira, 5 de maio de 2020

Josiene conta sua história

Nome: Josiene Maximiano Rodrigues
Idade: 17 anos
Esporte: Futebol e futsal

Começou a praticar com treze anos, vendo seu irmão. “Ele adorava muito o futebol, então através dele foi despertando este interesse em mim. Vi que havia mulheres que faziam história através desta paixão, então pensei ‘por que não tentar?’. Depois foram muitos treinos, e fiquei alguns meses sem jogar por conta de ter deslocado o braço. Melhorei, voltei a jogar e lesionei o outro. Minha mãe até falou que ia me tirar do futebol, mas é a que mais me apoia desde o começo. Atualmente jogo pelo Real Madrid.”
            Não teve muitas chances de disputar campeonatos estaduais, porém jogava amistosos entre cidades e Jogos Escolares. “Joguei para o time Real Madrid, no bairro Bom Pastor, em Varginha. Chegamos até a semifinal, que infelizmente não ganhamos, mas tivemos o aprendizado e conseguimos identificar onde precisamos melhorar para o engajamento do time.”
            A atleta afirma que é apaixonada pelo esporte. “No começo significava diversão, agora paixão e felicidade. Minha maior alegria é poder fazer aquilo que eu amo (jogar futebol/futsal) com toda a minha força e paixão.”
            Sua rotina incluía treinos terças e quartas na quadra, e sábados no campo. Hoje, está treinando o físico nos dias de semana, e tático e coletivo nos finais de semana. Afirma que a parte mais difícil para ela é a dieta e algumas competições, “mas nada como um bom treinamento e dedicação. Além disso, percebo que o futebol feminino não tem a visibilidade que precisa, então a falta do patrocínio também dificulta a vida de atleta.” 
            A jogadora, ao se abrir sobre decepções que enfrentou nesse meio, destaca ter sido alvo de um grande problema: a intolerância por ser uma menina jogando futebol. “Eu treinava sempre com os meninos, então a situação era bem chata e constrangedora, porque era eu, mais duas meninas e uns 40 meninos - as piadas e comentários eram muito persistentes. Tinha dia que eu chegava em casa chorando pelas situações que me passavam, mas eu não desanimei, sempre continuei com o esporte.”
            O Jornal PODIUM pergunta: Hoje em dia, você tem uma visão mais ampla acerca disso? Por quê isso ocorre, qual a melhor maneira de lidar com a afronta, e quais tipos de intervenções poderiam ser testados para amenizar esse efeito?
            “Acho que isso ocorre porque vivemos em uma geração onde as profissões são "dominadas" pelos homens, por mais que não sejam machistas, e nós mulheres estamos buscando e estamos conseguindo espaço em diversas profissões, tendo representatividade e isso, não sei o porquê, incomoda bastante gente.
            Muitas vezes, a melhor maneira de resposta é o silêncio, mas na minha opinião não devemos nos calar e deixar que as pessoas nos ofendem só por estarmos fazendo aquilo que gostamos de fazer e que é uma coisa absolutamente normal.
            Acho que poderia reforçar aquele decreto do ano passado, que todos os times da séries A e B tinham que ter um time feminino, porque isso vai trazer visibilidade e oportunidades para quem quer seguir carreira profissional. Também, começarem a investir em times de bases feminino, e darem mais atenção ao futebol jogado por mulheres.”
            Seu esforço se dá por inspiração em muitas jogadoras, mas principalmente a grande Marta, que “mostra com sua história, independentemente das dificuldades, que a gente consegue sim realizar nossos sonhos.” 
            Quando questionada sobre suas aspirações, Josiene afirma que está batalhando para conquistar, e completa sobre seus planos: “Primeiro é o esporte. Meu plano B é formar em Educação Física no futuro, mas esse "batalhando para conquistar" é pelo fato de minha mãe não ter condições de pagar meus estudos, então estou fazendo cursos e estudando para vestibulares”, explica a atleta.
            “Gostaria de fazer agradecimentos primeiramente a Deus, por tudo, e ao meu treinador Vinícius, que acredita no meu potencial e está sempre no meu lado, me dando conselhos e dicas para melhorar e evoluir sempre. Obrigada!”
            Sobre os aprendizados e ensinamentos que adquiriu em sua trajetória, conclui: “Não podemos nunca pode deixar o que as pessoas falam ou fazem prejudicar a nossa vida. Devemos correr atrás do que a gente quer, batalhando para isso.”

Texto: Maria Júlia Veloso

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