Nome: Josiene Maximiano Rodrigues
Idade: 17 anos
Esporte: Futebol e futsal
Começou a praticar com
treze anos, vendo seu irmão. “Ele adorava muito o futebol, então através dele
foi despertando este interesse em mim. Vi que havia mulheres que faziam
história através desta paixão, então pensei ‘por que não tentar?’. Depois foram
muitos treinos, e fiquei alguns meses sem jogar por conta de ter deslocado o
braço. Melhorei, voltei a jogar e lesionei o outro. Minha mãe até falou que ia
me tirar do futebol, mas é a que mais me apoia desde o começo. Atualmente jogo
pelo Real Madrid.”
Não
teve muitas chances de disputar campeonatos estaduais, porém jogava amistosos
entre cidades e Jogos Escolares. “Joguei para o time Real Madrid, no bairro Bom
Pastor, em Varginha. Chegamos até a semifinal, que infelizmente não ganhamos,
mas tivemos o aprendizado e conseguimos identificar onde precisamos melhorar
para o engajamento do time.”
A
atleta afirma que é apaixonada pelo esporte. “No começo significava diversão,
agora paixão e felicidade. Minha maior alegria é poder fazer aquilo que eu amo
(jogar futebol/futsal) com toda a minha força e paixão.”
Sua
rotina incluía treinos terças e quartas na quadra, e sábados no campo. Hoje,
está treinando o físico nos dias de semana, e tático e coletivo nos finais de
semana. Afirma que a parte mais difícil para ela é a dieta e algumas
competições, “mas nada como um bom treinamento e dedicação. Além disso, percebo
que o futebol feminino não tem a visibilidade que precisa, então a falta do
patrocínio também dificulta a vida de atleta.”
A
jogadora, ao se abrir sobre decepções que enfrentou nesse meio, destaca ter
sido alvo de um grande problema: a intolerância por ser uma menina jogando
futebol. “Eu treinava sempre com os meninos, então a situação era bem chata e
constrangedora, porque era eu, mais duas meninas e uns 40 meninos - as piadas e
comentários eram muito persistentes. Tinha dia que eu chegava em casa chorando
pelas situações que me passavam, mas eu não desanimei, sempre continuei com o
esporte.”
O
Jornal PODIUM pergunta: Hoje em dia, você tem uma visão mais ampla acerca
disso? Por quê isso ocorre, qual a melhor maneira de lidar com a afronta, e quais
tipos de intervenções poderiam ser testados para amenizar esse efeito?
“Acho
que isso ocorre porque vivemos em uma geração onde as profissões são
"dominadas" pelos homens, por mais que não sejam machistas, e nós
mulheres estamos buscando e estamos conseguindo espaço em diversas profissões,
tendo representatividade e isso, não sei o porquê, incomoda bastante gente.
Muitas
vezes, a melhor maneira de resposta é o silêncio, mas na minha opinião não
devemos nos calar e deixar que as pessoas nos ofendem só por estarmos fazendo
aquilo que gostamos de fazer e que é uma coisa absolutamente normal.
Acho
que poderia reforçar aquele decreto do ano passado, que todos os times da séries
A e B tinham que ter um time feminino, porque isso vai trazer visibilidade e
oportunidades para quem quer seguir carreira profissional. Também, começarem a
investir em times de bases feminino, e darem mais atenção ao futebol jogado por
mulheres.”
Seu
esforço se dá por inspiração em muitas jogadoras, mas principalmente a grande
Marta, que “mostra com sua história, independentemente das dificuldades, que a
gente consegue sim realizar nossos sonhos.”
Quando
questionada sobre suas aspirações, Josiene afirma que está batalhando para
conquistar, e completa sobre seus planos: “Primeiro é o esporte. Meu plano B é
formar em Educação Física no futuro, mas esse "batalhando para
conquistar" é pelo fato de minha mãe não ter condições de pagar meus
estudos, então estou fazendo cursos e estudando para vestibulares”, explica a
atleta.
“Gostaria
de fazer agradecimentos primeiramente a Deus, por tudo, e ao meu treinador
Vinícius, que acredita no meu potencial e está sempre no meu lado, me dando
conselhos e dicas para melhorar e evoluir sempre. Obrigada!”
Sobre
os aprendizados e ensinamentos que adquiriu em sua trajetória, conclui: “Não
podemos nunca pode deixar o que as pessoas falam ou fazem prejudicar a nossa
vida. Devemos correr atrás do que a gente quer, batalhando para isso.”
Texto: Maria Júlia Veloso
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