Se
existisse um substantivo próprio para definir a palavra esporte, “Hermes
Figueiredo” certamente seria a definição. Uma vida dedicada ao esporte,
literalmente. Não há como negar. E sua história com o esporte não possui
precedente e não se resume ao basquete. Foi por vivência e amor ao esporte como
um todo, desde a adolescência.
O jovem Hermes, ao se mudar para
Campos do Jordão, teve seu primeiro contato com o esporte de competição. Em
1954, integrou as equipes de basquete, vôlei, atletismo, xadrez, natação e
tênis de mesa do Grêmio Estudantil Jordanense.
Mais tarde, já na EE da Aeronáutica,
em Guaratinguetá, conquistou o bicampeonato de basquete nos Jogos Militares e foi
eleito atleta do ano em 1958.
Foi técnico de equipes de vôlei e
futsal. Hermes tem conhecimento do esporte como um todo e fala, com
propriedade, que o atletismo é a chave mestre do esporte e defende a
inicialização esportiva na escola, no ensino fundamental, de forma técnica e
coerente.
Importando
o exemplo paulista
Ao retornar a Varginha, não esqueceu
sua vivência no estado de São Paulo; integrou a equipe de basquete de 62 a 67,
depois foi eleito Diretor de Esportes do VTC, quando idealizou e realizou os
Jogos Abertos do Interior de Minas Gerais. Um trabalho árduo, inclusive para
convencer as autoridades que duvidavam da proposta e depois para realizar a
disputa de 10 modalidades, numa época em que não existia a facilidade da vida
moderna e muito menos a cultura de valorização do esporte.
Mas Hermes sempre foi um visionário,
idealista e precursor. “Ele acreditava que era possível mudar o mundo a partir
da nossa aldeia, a partir de um gesto nosso, de uma generosidade nossa”, disse
o Prof. Caio Mário Bueno Silva.
Varginha sediou, ou melhor, realizou
três edições dos Jogos Abertos (69 a 71) e quando o Governo Estadual resolveu
que deveria haver rodízio de sedes, os Jogos deixaram de existir, retornando na
década de 80, como JIMI’s.
E sua experiência no esporte paulista
também ajudou a melhorar o trabalho da natação varginhense. Com “Toddy quente”,
ele conseguia aliviar os treinamentos no inverno.
Hermes trabalhou o desenvolvimento
do esporte varginhense em sua totalidade, deu sua contribuição de atleta,
formou equipes escolares e profissionais, realizou os Jogos Operários,
participou da criação do Conselho Municipal de Esportes, foi o primeiro
Secretário Municipal de Esporte e, por fim, se hoje a Semel é referência, foi
graças à sua parceria incontestável, com o filho Alex Peloso, na criação da
pasta em 2001.
Trabalhou muito sim e contou com
muitos apoiadores, pessoas que faz questão de citar em sua história, fato que
lhe credencia a mais adjetivos, gratidão e reconhecimento.
Hermes já recebeu diversos prêmios,
títulos e homenagens, mas certamente ainda estão aquém do mérito. Mas quem o
conhece sabe que nenhuma delas foi tão tocante quanto esta confraternização com
seus “pupilos” em 2014!
Um
reconhecimento ao ícone
O basquete masculino de Varginha
teve um encontro histórico no mês de maio de 2014. Foi uma festa de confraternização
de ex-atletas, com o propósito de homenagear o grande “mestre” Hermes de
Figueiredo.
Tudo começou, quando Tereza Cristina
Pereira Messias estava à procura de fotos da época em que seu marido Arnaldo
jogava pela Seleção de Varginha. Tereza logo percebeu que a fase havia sido
marcante para todo o grupo. Mais ainda, constatou a importância do Sr. Hermes
na vida desses atletas.
E, de repente, em apenas dois meses,
conseguiram reunir três gerações do basquete masculino de Varginha, tão
glorioso. Conseguiram localizar os amigos nas mais variadas regiões e a
aceitação destes foi imediata, tomando uma proporção do porte que as lembranças
mereciam. Afinal, Hermes foi inspiração e modelo de cidadania desse grupo.
Relembrando
os tempos na quadra
Não poderia ser diferente! O
encontro oficial foi no Ginásio do VTC, justamente o local que foi erguido
graças ao trabalho de Hermes Figueiredo. O projeto previa um simples ginásio
com três degraus de arquibancada, mas ele conseguiu apoios e verbas para o
maior ginásio do Sul de Minas.
Segundo Tereza, os “meninos do Sr.
Hermes” surpreenderam quem imaginava um joguinho de cinco minutos! Eles usaram
a quadra das 11h às 13h30min. Claro que na maior descontração, mas foram
momentos mágicos e sob o olhar atento das esposas e filhos, que até então só
conheciam as histórias. Ali, elas puderam sentir um pouco da emoção do grupo.
Publicidade |
Prestando
Contas
Do ginásio, seguiram direto para o
churrasco, sem nenhum medo de sair de forma, afinal, da vida de atleta,
restaram apenas as lembranças. E no meio de toda a descontração, veio a hora
para “uma prestação de contas!”. Essas foram as palavras do Prof. Caio Mário
Bueno Silva, ao iniciar seu discurso de homenagem ao “mestre” Hermes
Figueiredo.
Caio frisou a grande importância que o
Sr. Hermes teve na vida daqueles jovens que hoje são homens bem sucedidos. Destacou
seu exemplo de vida: um treinador bravo, enérgico, justo e idealista; um grande
homem. Foi muito mais que o treinador; conseguiu transformar seus atletas em
pessoas dignas, que têm orgulho de suas histórias e muita saudade daquele
tempo.
Soube ensinar que as regras de jogo se
aplicam na formação ética e moral do ser humano, ao se tornar cidadão, pessoa
de bem, decidida e com foco.
O encontro foi um momento especial
na história do esporte varginhense. Foi muito mais que um simples resgate de
lembranças, foi o merecido reconhecimento de uma vida a serviço do esporte.
Bola da
vez
E para consolidar esse encontro de
confraternização, as esposas presentearam Hermes, Tino (também ex-técnico) e
Silvia Amorim com bolas autografadas pelo grupo, que nas décadas de 60, 70 e 80
transformaram o basquete masculino varginhense na grande potência do Estado.
Foram muitos jogos, muitas vitórias
e títulos. Equipes que conseguiam lotar o VTC, como se ali estivessem artistas
da MPB. Foram campeões estaduais e tricampeões do interior. Enfim, três
gerações de ouro!
Geração
I: Roberts, Maurão, Caio, Beltrão, Cal, Galdino, Miro e Pindaro.
Geração
II: Arnaldo, Rick, Univaldo,
Alessandro, João Eugênio, Fernando Eugênio, Axel, Alex, Juninho, Cesão, Macarrão,
Pieve e Glauco.
Geração
III: Fernando “Oreia”, Alan, Rogerinho, Baianinho, Cláudio (azeitona), Carlão,
Jackson e Alexandre.
Matéria
publicada na Edição 56 do Jornal PODIUM, em 23/05/2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário