* Por Alberto Murray
Neto
Nunca investiu-se tanto no esporte quanto
nos oito anos que antecederam os Jogos Rio 2016. Da mesma forma, nunca
investiu-se tão errado. A intenção do governo e da cartolagem nunca foi
massificar e democratizar a prática esportiva. Tampouco criar uma política de
Estado para o esporte do Brasil, desde a base. O dinheiro que foi injetado
nesse segmento serviu, em primeiro lugar, para satisfazer os anseios
megalômanos de gente preocupada, apenas, em realizar grandes eventos. Nada além
disso.
Uma vez obtido o direito de sediar
os Jogos Olímpicos, com muito medo de passar uma solene vergonha em casa, a
ordem foi que todos os incentivos, recursos, energias e iniciativas fossem
dedicados ao altíssimo rendimento, com o objetivo de ganhar o maior número de
medalhas possíveis. Quiseram fazer em menos de oito anos aquilo que não fizeram
em vinte. A base ficou ainda mais desassistida. São pouquíssimas as modalidades
em que os jovens atletas têm, de suas Confederações, algum tipo de auxílio.
Normalmente nas categorias de base é cada um por si. Quem as sustentam são os
clubes e as famílias.
Passados os Jogos Olímpicos, os
próprios dirigentes organizadores reconhecem que não houve planejamento de
longo prazo. Hoje, muitos atletas estão desempregados, sem benefícios e
perspectivas. E, com eles, seus técnicos
e membros das equipes multidisciplinares.
Se em vez de investir bilhões em
grandes eventos esportivos tivessem injetado parte disso na formação e
massificação de atletas, levado a prática do desporto a todas as escolas
públicas do país, planejado, com honestidade e transparência, estaríamos,
atualmente, em condições muito melhores. Uma geração olímpica se forma em cerca
de três ciclos. A partir daí, com uma estrutura de esporte solidificada, o
Brasil poderia ter começado a pensar em sediar Olimpíada.
No Brasil, a patota olímpica errou
feio e quis começar a construção da casa pelo telhado.
Alberto Murray Neto é paulistano, advogado militante,
formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Largo de São
Francisco e Pós Graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de Toronto,
Ontario, no Canadá.
Sua
vida esportiva, olímpica, começou muito cedo. Influenciado pelo avô materno,
Sylvio de Magalhães Padilha. Formou-se em Estudos Olímpicos pela Academia
Olímpica Internacional, em Olympia, Grécia, em 1994. Estive presente a todas as
edições de Jogos Olímpicos desde 1972.
Árbitro
da Corte Arbitral do Sport, instância máxima da jurisdição desportiva mundial,
localizada em Lausanne, na Suíça, de 2007 a 2011. Membro do Comitê Olímpico
Brasileiro de 1996 até 2008.
Prezado Editor do Jornal Podium, venho por meio deste sugerir que vossa senhoria aprofunde suas coberturas no esporte varginhense. Que faça mais reportagens sobre política esportiva. Entreviste autoridades, técnicos e atletas e faça-os pensar e agir. O avanço do esporte depende de todos. Vejo a Semel transformar-se em secretaria do drible, nos vários sentidos da palavra. Vi o conselho perder um ano inteiro para afagar ego pessoal aguardando mais nomeações. Vejo há décadas a falta de cultura em valorização de tradição, fato pluralizado em várias gestões. Vi os representantes esportivos aplaudirem pseudopolíticos no lançamento de um evento esportivo e depois vi os atletas reclamando que não havia dotação para participar dessa referida competição. Não quero comparar Varginha com grandes cidades. De que adianta o jornal publicar os desmandos nacionais e fazer vista grossa no próprio quintal?
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