Por: José Cruz
O
“Relatório Sistêmico de Fiscalização Deporto e Lazer” – 2016, do Tribunal de
Contas da União, é precioso documento na rara literatura sobre a fragilidade do
esporte nacional.
Trata-se
de um diagnóstico dos gastos com “Esporte e Lazer” do Ministério do Esporte,
entre 2013 e 2015, que mostram, também, onde estavam os furos da corrupção
continuada.
Está
no relatório:
“Foi
observado reduzido nível de transparência das informações pertinentes à gestão
de recursos pelas entidades do Sistema Nacional do Desporto”.
É
a extensão do que escrevei em fevereiro, sobre uma auditoria do Tribunal,
mostrando outros desmandos.
Este
novo documento mostra novas informações e gráficos que escancaram a fragilidade
do nosso sistema esportivo, a começar pela ausência de uma Política Nacional do
Esporte. Tal política é fundamental para que a Secretaria de Esporte do
Ministério da Cidadania tente dar rumos ao setor. Mas, estará o Capitão
disposto a isso? As medidas adotadas até agora indicam, tristemente, que não.
Se
assim for, o governo repetirá a omissão dos sete desastrados ministros que
passaram pela extinta pasta. Eles nunca analisaram ou discutiram os relatórios
do TCU, sempre valiosos em alertas e sugestões.
Foram
sete “excelências” ministeriais em 15 anos – média de dois anos e pouco para
cada – cujos nomes é oportuno lembrar para que os seus desprezos pela causa não
fiquem no esquecimento. Eles também são responsáveis pela decadência de agora.
Vamos
lá:
Agnelo
Queiróz (que já esteve preso e responde a processo por corrupção), Orlando
Silva (que foi demitido pela então presidente Dilma Rouseff), Aldo Rebelo (que
entrou para “salvar” as obras da Copa do Mundo), George Hilton (pastor
“especialista em gente”!) Ricardo Leyser (fechou os olhos à corrupção),
Leonardo Picciani (agropecuarista!), e Leonardo Cruz Fróes da Silva (não é meu
parente; entrou para apagar a luz).
Nessa
rotina de sucessões de ministros, o ciclo olímpico transformou-se em ciclo
vicioso.
Hoje,
dirigentes respondem à Justiça por desmandos com verbas públicas. A corrupção –
ainda não totalmente apurada – foi real; continuam as disputas
desportiva-política-religiosa por cargos na ainda capenga Secretaria de
Esporte; e há cortes de todo tipo nas verbas públicas.
Nos
tempos dourados, o esporte de alto rendimento aplicou R$ 7,7 bilhões, entre
2010 e 2014, segundo o TCU. Pouco antes, vamos encontrar valores bilionários
também na preparação do Brasil aos Jogos Pan-Americanos de 2007.
Enquanto
isso ocorria, o relatório do TCU de 2016 registrava “os principais riscos” que
ajudam a entender o desperdício de então e o grave momento de agora. Confira:
Risco
de malversação de recursos públicos destinados ao esporte de rendimento, em
razão da fragilidade da aplicação desses recursos; e
Risco
de que os resultados do Brasil nos Jogos Olímpicos 2016, inclusive a meta de
controles sobre posicionar-se entre os deze primeiros países (ficamos em 13º) não
sejam sustentáveis para o período pós-2016 (grifo meu).
As
origens da atual crise no setor estão bem documentadas, pois não?
José
Cruz, jornalista e comentarista esportivo.
Colaborador
do Jornal PODIUM desde 2011.
Artigo
publicado originalmente na
coluna
Campo Livre - UOL.
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