sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A fábula olímpica da Cinderela

Por: José Cruz
A cada Olimpíada, o brasileiro descobre que há vida esportiva fora do futebol. E vibra com um pódio da canoagem ou num recorde do salto com vara como se fosse gol de Neymar.
A cada Olimpíada, o brasileiro conhece mais sobre a geografia do esporte, e descobre contrastes sociais pela atuação dos atletas. Por exemplo, que um humilde baiano da canoagem também é capaz de ir ao pódio dos melhores do mundo. Chegou lá por mérito e com garra, que muitas vezes, faltou à elite do tênis, da natação, do hipismo. Não foi assim nos Jogos Rio 2016?
A cada quadro anos, o brasileiro descobre que um atleta sem braço ou sem perna, ou sem braço e perna, é capaz de atravessar uma piscina de 50 metros nadando literalmente no peito. E, sob aplausos e lágrimas do torcedor, se consagra mundialmente. E também chora, porque sabe que o dia seguinte já não será consagrador, mas de dificuldades renovadas.
No entanto, poucos sabem que para alimentar o gigante esportivo brasileiro todos os 943 atletas olímpicos e paraolímpicos dos Jogos Rio 2016 foram contemplados com um dinheiro que nunca imaginaram receber: R$ 3,6 bilhões, segundo o UOL Esporte. Dinheiro do cofre público do Brasil em crise e devedor. A conta chegou!
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Apagada a chama olímpica, surge a dúvida: “O que será do amanhã”? A gravidade da economia sugere que o esporte se torne uma “fábula de Cinderela”, no dizer do velejador Lars Grael. Depois de uma preparação dos atletas sem igual na história esportiva o Brasil, o ‘projeto olímpico e paraolímpico poderá virar abóbora’.
As estatais continuarão a jogar dinheiro nas confederações, investigadas por corrupção com verbas públicas?
O Ministério do Esporte terá orçamento para a manutenção e conservação das 47 pistas de atletismos que distribuiu pelo país?
E a Lei de Incentivo ao Esporte manterá os R$ 400 milhões anuais, enquanto o ministro Henrique Meireles briga para reduzir os gastos, na tentativa de equilibrar contas e garantir dinheiro para hospitais, escolas, segurança, professores, aposentados...?
São muitas perguntas para um ano que foi difícil, apesar das megafestas. Vamos virar a página, e que 2017 nos permita mais otimismo.
* José Cruz, Repórter Esportivo – Jornalista Investigativo. 
Colaborador do Jornal PODIUM desde 2011.

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