sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Hermes de Figueiredo: Uma vida a serviço do esporte

Se existisse um substantivo próprio para definir a palavra esporte, “Hermes Figueiredo” certamente seria a definição. Uma vida dedicada ao esporte, literalmente. Não há como negar. E sua história com o esporte não possui precedente e não se resume ao basquete. Foi por vivência e amor ao esporte como um todo, desde a adolescência.
O jovem Hermes, ao se mudar para Campos do Jordão, teve seu primeiro contato com o esporte de competição. Em 1954, integrou as equipes de basquete, vôlei, atletismo, xadrez, natação e tênis de mesa do Grêmio Estudantil Jordanense.
Mais tarde, já na EE da Aeronáutica, em Guaratinguetá, conquistou o bicampeonato de basquete nos Jogos Militares e foi eleito atleta do ano em 1958.

Foi técnico de equipes de vôlei e futsal. Hermes tem conhecimento do esporte como um todo e fala, com propriedade, que o atletismo é a chave mestre do esporte e defende a inicialização esportiva na escola, no ensino fundamental, de forma técnica e coerente.

Importando o exemplo paulista
            Ao retornar a Varginha, não esqueceu sua vivência no estado de São Paulo; integrou a equipe de basquete de 62 a 67, depois foi eleito Diretor de Esportes do VTC, quando idealizou e realizou os Jogos Abertos do Interior de Minas Gerais. Um trabalho árduo, inclusive para convencer as autoridades que duvidavam da proposta e depois para realizar a disputa de 10 modalidades, numa época em que não existia a facilidade da vida moderna e muito menos a cultura de valorização do esporte.
            Mas Hermes sempre foi um visionário, idealista e precursor. “Ele acreditava que era possível mudar o mundo a partir da nossa aldeia, a partir de um gesto nosso, de uma generosidade nossa”, disse o Prof. Caio Mário Bueno Silva.
            Varginha sediou, ou melhor, realizou três edições dos Jogos Abertos (69 a 71) e quando o Governo Estadual resolveu que deveria haver rodízio de sedes, os Jogos deixaram de existir, retornando na década de 80, como JIMI’s.
            E sua experiência no esporte paulista também ajudou a melhorar o trabalho da natação varginhense. Com “Toddy quente”, ele conseguia aliviar os treinamentos no inverno.

Uma luz para o esporte varginhense
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            Hermes trabalhou o desenvolvimento do esporte varginhense em sua totalidade, deu sua contribuição de atleta, formou equipes escolares e profissionais, realizou os Jogos Operários, participou da criação do Conselho Municipal de Esportes, foi o primeiro Secretário Municipal de Esporte e, por fim, se hoje a Semel é referência, foi graças à sua parceria incontestável, com o filho Alex Peloso, na criação da pasta em 2001.
            Trabalhou muito sim e contou com muitos apoiadores, pessoas que faz questão de citar em sua história, fato que lhe credencia a mais adjetivos, gratidão e reconhecimento.
            Hermes já recebeu diversos prêmios, títulos e homenagens, mas certamente ainda estão aquém do mérito. Mas quem o conhece sabe que nenhuma delas foi tão tocante quanto esta confraternização com seus “pupilos” em 2014!

Um reconhecimento ao ícone
            O basquete masculino de Varginha teve um encontro histórico no mês de maio de 2014. Foi uma festa de confraternização de ex-atletas, com o propósito de homenagear o grande “mestre” Hermes de Figueiredo.
            Tudo começou, quando Tereza Cristina Pereira Messias estava à procura de fotos da época em que seu marido Arnaldo jogava pela Seleção de Varginha. Tereza logo percebeu que a fase havia sido marcante para todo o grupo. Mais ainda, constatou a importância do Sr. Hermes na vida desses atletas.
E, de repente, em apenas dois meses, conseguiram reunir três gerações do basquete masculino de Varginha, tão glorioso. Conseguiram localizar os amigos nas mais variadas regiões e a aceitação destes foi imediata, tomando uma proporção do porte que as lembranças mereciam. Afinal, Hermes foi inspiração e modelo de cidadania desse grupo.

Relembrando os tempos na quadra
Não poderia ser diferente! O encontro oficial foi no Ginásio do VTC, justamente o local que foi erguido graças ao trabalho de Hermes Figueiredo. O projeto previa um simples ginásio com três degraus de arquibancada, mas ele conseguiu apoios e verbas para o maior ginásio do Sul de Minas.
            Segundo Tereza, os “meninos do Sr. Hermes” surpreenderam quem imaginava um joguinho de cinco minutos! Eles usaram a quadra das 11h às 13h30min. Claro que na maior descontração, mas foram momentos mágicos e sob o olhar atento das esposas e filhos, que até então só conheciam as histórias. Ali, elas puderam sentir um pouco da emoção do grupo.
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Prestando Contas
Do ginásio, seguiram direto para o churrasco, sem nenhum medo de sair de forma, afinal, da vida de atleta, restaram apenas as lembranças. E no meio de toda a descontração, veio a hora para “uma prestação de contas!”. Essas foram as palavras do Prof. Caio Mário Bueno Silva, ao iniciar seu discurso de homenagem ao “mestre” Hermes Figueiredo.
Caio frisou a grande importância que o Sr. Hermes teve na vida daqueles jovens que hoje são homens bem sucedidos. Destacou seu exemplo de vida: um treinador bravo, enérgico, justo e idealista; um grande homem. Foi muito mais que o treinador; conseguiu transformar seus atletas em pessoas dignas, que têm orgulho de suas histórias e muita saudade daquele tempo.
Soube ensinar que as regras de jogo se aplicam na formação ética e moral do ser humano, ao se tornar cidadão, pessoa de bem, decidida e com foco.
            O encontro foi um momento especial na história do esporte varginhense. Foi muito mais que um simples resgate de lembranças, foi o merecido reconhecimento de uma vida a serviço do esporte.

Bola da vez
            E para consolidar esse encontro de confraternização, as esposas presentearam Hermes, Tino (também ex-técnico) e Silvia Amorim com bolas autografadas pelo grupo, que nas décadas de 60, 70 e 80 transformaram o basquete masculino varginhense na grande potência do Estado.
            Foram muitos jogos, muitas vitórias e títulos. Equipes que conseguiam lotar o VTC, como se ali estivessem artistas da MPB. Foram campeões estaduais e tricampeões do interior. Enfim, três gerações de ouro!
            Geração I: Roberts, Maurão, Caio, Beltrão, Cal, Galdino, Miro e Pindaro.
Geração II: Arnaldo, Rick, Univaldo, Alessandro, João Eugênio, Fernando Eugênio, Axel, Alex, Juninho, Cesão, Macarrão, Pieve e Glauco.
Geração III: Fernando “Oreia”, Alan, Rogerinho, Baianinho, Cláudio (azeitona), Carlão, Jackson e Alexandre.

Matéria publicada na Edição 56 do Jornal PODIUM, em 23/05/2014.

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